
CMSs (Content Management System ou sistemas de gestão de conteúdo) são aplicativos que permitem criar, editar, gerenciar e publicar websites na Internet, sem a obrigatoriedade de saber programação (ainda que este conhecimento permita ao desenvolvedor maior customização dos sistemas).
Consistem, portanto, em softwares que executam a gestão de bancos de dados contendo todo o conteúdo do website: posts, páginas, acervos, imagens, documentos, calendários, artigos de loja (e-commerce), etc.
Grosso modo, seria como um processador de texto (LibreOffice, Word, etc.) para websites de Internet, mas ao contrário de textos simples, uma página da Internet também precisa de muitos outros recursos, como menus de navegação, links e sistemas de recuperação da informação (buscas, tags, etc). O CMS providencia todos eles.
Quando o conteúdo se refere às coleções, denomina-se Collection Management System ou Collection Information System, permitindo às GLAMs a gestão de acervos e a disponibilização de repositórios on-line, com filtros e taxonomias.
O WordPress (WP) é um CMS (Content Management System), ou seja, um sistema de gestão de conteúdo. Baseado em linguagem PHP, com banco de dados em MySQL, trata-se de um software gratuito e código aberto (open source), que permite publicar e gerenciar conteúdos on-line.
Cerca de um terço dos websites da Internet utiliza o WordPress, escolhido por mais de 60 milhões de pessoas no mundo.
Para efeitos comparativos, considerando somente os websites que utilizam CMS, temos (BUILT WITH, 2020):
- WordPress – 52%
- Joomla! – 6%
- Drupal – 2%
Tutorial para instalar o WordPress com instalador automático – cPanel e Softaculous
O WordPress é um software como outro qualquer, portanto, para ser utilizado precisa ser instalado em algum computador. No website oficial do projeto, WordPress.org, é possível baixá-lo gratuitamente. Assim, cada website WordPress vai rodar em uma instalação própria do software.
A instalação local, no computador da instituição ou de casa, é a mais difícil de se fazer, mas é a menos imprescindível. Se o usuário instalar o WordPress em seu computador normal (saiba aqui como fazer uma instalação local), somente as pessoas com acesso à este computador conseguirão visualizar o website e as coleções. Estas instalações locais são úteis para se desenvolver o website pela primeira vez antes de ir ao ar, para manter backups e também quando o objetivo é, por exemplo, gerenciar uma coleção de museu na instituição, sem disponibilizá-la na Internet.
Entretanto, um computador comum não é adequado para disponibilizar o website na Internet, pois não é seguro e rápido o suficiente. Quando pretendemos disponibilizar o conteúdo para todos on-line, é necessário instalar o WordPress em um computador do tipo servidor. Em geral, contratamos uma empresa de hospedagem que nos cederá os seus computadores, onde estiverem, para que possamos instalar o nosso WordPress neste servidor e acessá-lo via Internet, através de qualquer navegador (Brave, FireFox, Chrome, etc.). Portanto, podemos ter uma instalação do WordPress rodando o nosso website em qualquer lugar do mundo (este website está em um servidor em Londres) e acessá-lo de qualquer computador com um navegador e Internet.
Outra vantagem das empresas de hospedagem é que elas possuem “instaladores automáticos” do WordPress. A maioria delas utiliza o cPanel e instaladores como o Softaculous (tutoria de instalação do WordPress com o cPanel e Softaculous). Estes instaladores são simples de operar e, com poucos cliques, temos uma instalação do WordPress pronta para receber o website e as coleções. Cada empresa de hospedagem costuma oferecer um tutorial explicando como fazer e em geral a instalação é muito simples, como este tutorial acima. Por fim, algumas empresas de hospedagem inclusive oferecem a instalação para o cliente já pronta e só encaminham o link de acesso para criar a senha de administrador.
É possível, ainda, contratar os serviços da WordPress.com, como descrito no próximo item.
O WordPress.org é o website oficial do projeto open source WordPress. Também se refere ao próprio software em si, em comparação ao WordPress.com (explicaremos este outro mais adiante).
No WordPress.org é possível baixar gratuitamente o software, além de acessar inúmeros recursos, como documentação (codex), plugins, temas, blog, fóruns e atualizações.
Apesar do WordPress (WP) em si ser gratuito, para que os websites sejam acessíveis à todos é preciso instalá-lo em um computador potente conectado à Internet. Se você fizer uma instalação comum do WordPress no seu computador, só você verá o seu website.
Em geral as instituições pagam uma empresa que fornece este serviço, chamada empresa de hospedagem de sites. Algumas empresas são exclusivamente focadas em hospedagem WordPress.
Um dos criadores do software WordPress, Matt Mullenweg, fundou a empresa Automattic, que hoje é uma verdadeira potência. Dentre os produtos e serviços que ela oferece está o WordPress.com, que nada mais é do que uma empresa de hospedagem de sites desenvolvidos em WordPress.
Hospedar o seu website na empresa do criador do WordPress tem algumas vantagens, como garantia de perfeita integração e atualização. Além disto, o WordPress.com possui inúmeras facilidades, praticamente dispensando um desenvolvedor que entenda de hospedagem. Existem, ainda, planos para todos os tipos de bolsos e níveis de conhecimento do software. É possível até hospedar o seu website gratuitamente no WordPress.com, contudo, o website apresentará anúncios, que é a forma da empresa monetizar.
Pelas facilidades oferecidas pelo WordPress.com, instituições com muitos recursos e que querem segurança e comodidade ou, ao contrário, instituições pequenas que não possuem profissionais permanentes de TI, muitas vezes optam por hospedar seus websites lá. Contudo, o serviço é, em geral, mais caro do que as demais empresas do ramo, sendo a sua vantagem a qualidade e a praticidade.
Conheça aqui o MUDI – Museu Diários do Isolamento, desenvolvido no WordPress.com
O WordPress possui uma instalação padrão (core). Com esta instalação é possível atender a maioria das demandas de todos os websites da Internet, como publicar páginas, posts, portfólios, formulários, etc.
Entretanto, diversos websites possuem demandas específicas, como as coleções on-line no caso das GLAMs. Para realizar estas tarefas adicionais, é possível instalar no WordPress as extensões, como plugins de e-commerce e sistemas de gestão de coleções.
Plugins são, portanto, softwares adicionais que rodam na instalação padrão do WordPress, acrescentando funções que a instalação principal não possui.
Já os Temas são modelos de website prontos, que podem ser customizados de acordo com os interesses da instituição. Fazendo uma comparação didática, assim como o Power Point nos oferece diversos “modelos” de slides já prontos, o WordPress também oferece estes modelos (temas), que no caso dos CMSs contam não somente com recursos estéticos (web design), mas também inúmeros recursos que potencializam o desenvolvimento do conteúdo on-line.
Temas e plugins para WordPress podem ser gratuitos, fremium (free + premium, uma versão mais simples gratuita, com recursos adicionais pagos) ou premium (versões inteiramente pagas).
O Tainacan, por exemplo, é uma plataforma open source desenvolvida para os museus do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus), que possui plugin e tema gratuitos. Utilizamos esta plataforma na coleção on-line Cidade Palimpséstica, que consistiu na exposição curricular do Curso de Museologia da UFMG 2019.
Instalar um plugin é um procedimento simples, como podemos verificar neste tutorial de instalação do plugin Tainacan.
O WordPress é altamente seguro, especialmente sua instalação padrão (core). Analisando a lista CVE de vulnerabilidades e exposições do WordPress, mantida pelas agências de cibersegurança dos EUA, notamos que, nos últimos anos, a maioria das falhas do gênero afetaram plugins e temas, não o core do WordPress (OWASP, 2020).
Justamente por ser largamente utilizado, respondendo por cerca de um terço de toda a Internet (WORDPRESS, 2020; W3TECHS, 2020), o WordPress é também extremamente visado pelos crackers, bem como ataques aos seus websites acabam recebendo maior atenção da mídia.
Cibersegurança faz parte da salvaguarda do acervo das GLAMs. Nenhum website do mundo é 100% seguro. Quando se trata da Web, o objetivo é reduzir riscos e não eliminar riscos. Entretanto, seguindo os procedimentos recomendados e adotados por este projeto, as chances de hackeamento reduzem drasticamente.
A WP Engine fez um manual que ajuda a explicar porque o WordPress é seguro (em inglês).
Se a sua instituição é de grande porte e possui um orçamento robusto, poderiam ser utilizados softwares comerciais de ponta, como os do MET (The Metropolitan Museum): Sitecore (Content Management System e e-commerce) e TMS Collections (Collection Management System). Leia mais sobre o redesign do museu aqui.
É preciso ter em mente que o MET é o maior museu de arte dos EUA, disponibilizando em seu website mais de 500 mil páginas, 450 mil objetos na coleção on-line e inúmeros blogs com diversos autores contribuindo para a produção de seu conteúdo. Gerir este sistema é uma tarefa extremamente complexa e pouquíssimos museus têm um desafio deste porte. O website do MET é um dos melhores que existem em nossa opinião, sendo referência para este projeto de pesquisa.
Entretanto, grandes museus internacionais muitas vezes optam intencionalmente por softwares livres. Se sua instituição possui uma equipe de TI permanente, com webmasters responsáveis por atualizar o website (e não os próprios criadores do conteúdo), recomendamos o software Drupal.
Uma das vantagens do Drupal é ser menos visado pelos crackers do que o WordPress, justamente por ser bem menos utilizado, funcionando aqui o mesmo princípio dos produtos Apple (vide FAQ do Usuário de Internet, Questão 11). Contudo, o Drupal é mais complexo e menos intuitivo, demandando muitas vezes uma equipe de desenvolvedores para sua manutenção e atualização.
Alguns exemplos de websites que utilizam Drupal: Louvre e University of Oxford (Website principal).
Neste projeto escolhemos o WordPress por ser um software open source, amigável e intuitivo, bem como possuir uma gama enorme de extensões que potencializam suas funções, sendo possível desenvolver com este CMS basicamente tudo que uma instituição GLAM precisa.
Especialmente se sua instituição não possuir uma equipe de TI permanente e nem muitos recursos, como a grande maioria dos museus brasileiros, o WordPress é a solução ideal.
Sim. O WordPress também é recomendável para GLAMs de grande porte e orçamento, mas que desejam maior autonomia da equipe da instituição para atualizar o website.
A The Solomon R. Guggenheim Foundation, responsável por alguns dos museus mais importantes e bilionários do mundo, promoveu um redesign em 2016, migrando seu conteúdo do Joomla! para o WordPress, o CMS escolhido pela equipe conforme lemos a seguir:
Iniciamos nosso projeto de redesign com uma fase de análise de sistemas de gestão de conteúdo (CMS), avaliando o WordPress e o Drupal. Queríamos usar um CMS de código aberto amplamente adotado e com força suficiente para atender às necessidades avançadas. Também precisávamos implementar uma ferramenta de edição e administração de conteúdo amigável, que permitisse uma participação mais ampla da equipe do museu e eliminasse o envolvimento de designers ou desenvolvedores para atualizações simples. Nós escolhemos WordPress por algumas razões, entre as quais, o amplo conjunto de recursos para desenvolvedores, a excelente interface da administração de conteúdo, o rápido ciclo de lançamento de atualizações, a facilidade de estender funcionalidades e a profunda taxonomia do CMS.
Traduzido do artigo de Laura Kleger no blog do website do Guggenheim.org.
Diversos museus, bibliotecas, arquivos, universidades, veículos de imprensa e instituições culturais utilizam o WordPress, sendo alguns exemplos:
- BBC America
- British Museum (Blog do museu)
- Cambridge University (Kettle’s Yard Art Gallery)
- Collections Trust / Spectrum
- Guggenheim Foundation
- Harvard (School of Design)
- ICOM (International Council of Museums)
- MuseumNext
- MuseWeb
- Oxford University (Oxford Internet Institute)
- The Getty (The Iris)
- UFMG (Espaço do Conhecimento)
- USP
Por ser altamente flexível e amigável, o WordPress possui uma enorme gama de extensões livres, freemium e premium disponíveis no mercado.
Dentre estas, destacamos o Tainacan, plataforma open source composta por plugin e tema, desenvolvida para abrigar as coleções on-line dos museus do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus).
Versões
- Inclusão de link para tutorial como instalar o WordPress com cPanel e Softaculous.
- Inclusão de link para o tutorial como instalar o plugin do Tainacan.
- Inclusão do MUDI como exemplo de website desenvolvido em WordPress.com.
Versão atualizada por Ana Cecília Rocha Veiga.
- Melhoria do texto.
- Alterações nas recomendações de empresas de hospedagem.
- Inclusão do item “Como instalar e utilizar o WordPress”.
Versão atualizada por Ana Cecília Rocha Veiga.
Versão inicial de autoria de Ana Cecília Rocha Veiga.
O projeto
Recursos Web para GLAM (galerias, bibliotecas, arquivos e museus) desenvolve e disponibiliza gratuitamente recursos digitais para unidades de informação e cultura.
Saiba mais.